13 de janeiro de 2016

Zoeira na História: A cobra vai fumar!


Como entusiasta desde sempre sobre a Segunda Grande Guerra, sempre achei que a participação do Brasil na WW2 nunca foi abordado com o devido respeito e profundidade nas escolas, apesar da relevância dos fatos e das centenas de curiosidades acerca. Então esse Zoeiro aqui se sente na obrigação de falar mais sobre as "Cobras Fumantes"!

Até Walt Disney aderiu ao apelido das "Cobras Fumantes"

Getúlio: O ditador neutro.

Na época o país era comandado por Getúlio Vargas. Apesar do regime autoritário, que conferiu o presidente com o estigma de ditador, o posicionamento condicional do país era de neutralidade. O Brasil manteve os pés fora do conflito mundial até as últimas circunstâncias. Na época, por volta de 1937, o Brasil tinha afinidade com os governos autoritários que integravam os chamados Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).

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Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt em Natal, Rio Grande do Norte, 1943.

Foi só após uma série de bombardeios contra navios brasileiros, quando submarinos alemães atacaram embarcações no Oceano Atlântico, que uma mobilização pública pressionou o governo a entrar no conflito, cobrando severamente uma postura clara contra os Países do Eixo. Em agosto do mesmo ano o Brasil declarou guerra às potências totalitaristas.



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Desembarque dos pracinhas brasileiros na Itália.
Segundo Ferdinando Palermo, um veterano brasileiro da 2° Guerra, muitos dos soldados convocados tinham problemas de dentição e antes de ingressarem no Exército jamais tinham calçado um sapato na vida. Ao mesmo tempo em que eram negados à eles direitos básicos como cidadãos, a Nação não hesitou em enviá-los para batalhar em seu nome. Vale ressaltar, inclusive, que a ideia inicial era enviar 100 mil militares brasileiros para a guerra, mas o contingente acabou sendo reduzido para pouco mais de 25 mil homens.







O significativo corte nos números de combatentes convocados aconteceu devido ao pente fino feito nas avaliações médicas e no sistema de apresentação voluntária. Segundo Vagner Camilo Alves, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, esse fato retratou o grau de atraso do Brasil na época. Com 70% da população vivendo no campo, a maioria analfabeta, o país teve dificuldade de preencher propriamente uma só divisão de batalha.


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Soldados da FEB sendo saudados por moradores de Massarosa, Itália, 1944.

"Foi à guerra dos caipiras e cablocos," disse o também veterano, ex-soldado da FEB, Victório Nalesso. "Todos corajosos. A maioria vivia nas roças, longe das cidades que não eram tão grandes como hoje. Gente de todo interior de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul."



A cobra fumou!

Os "pracinhas FEB", como eram conhecidos os soldados brasileiros, provavelmente receberam esse nome porque grande parte dos combatentes eram muito jovens. (Praça é o termo usado para denominar um militar inexperiente.)

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Soldados alpinos fascistas italianos capturados pelos brasileiros aguardam para serem interrogados em Viareggio, Itália, 1944 (Gli eroi Venuti dal Brasile).

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Foto icônica que estampou a revista Cruzeiro do Sul

Quando foi dada a notícia de que os combatentes brasileiros pegariam em armas para combater os alemães, muitas reações pessimistas foram proclamadas. A expressão popular "a cobra vai fumar," inclusive, surgiu após esse período da história. Na época era comum dizerem "é mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra."





















Apesar de muitos desacreditarem, durante as batalhas que participaram, os militares brasileiros renderam cerca de 14 mil soldados alemães, honrando o símbolo que criaram como criativa resposta a essa desconfiança: um emblema de uma cobra fumando um cachimbo.

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Gringos com brasileiros


Comandada pelo general Mark W. Clark, a FEB (Força Expedicionária Brasileira) integrou o 5° Exército Americano. Além da FEB, a FAB (Força Aérea Brasileira) também batalhou no front italiano. A missão brasileira era de auxiliar o 5° Exército Americano e o 8° Exército Britânico a ultrapassar a Linha Gótica, a última grande linha de defesa nazista na Europa, situada nos Montes Apeninos, na Itália.

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Acampamento de soldados do 2° Escalão da FEB (Arquivo Diana Oliveira Maciel).



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O Comando das Forças Aliadas na Itália examina as operações conduzidas pela FEB (Arquivo do Exército Brasileiro).

Se essa linha não tivesse sido pressionada com a ajuda dos brasileiros, os alemães poderiam mover suas tropas pra qualquer lugar. Era somente atravessando a Linha Gótica que os aliados teriam acesso à Bologna e ao Vale do Rio Pó. A partir daquele ponto a chegada até o centro da Europa seria facilitada. A Linha Gótica era a última grande linha de defesa nazista na Europa. Ter destruído essa linha foi um dos fatores favoráveis a invasão na França.

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Enfermeiras Brasileiras com soldados da Força Expedicionária Brasileira em uma avião da FAB.



Último confronto: missão cumprida!

O último confronto da FEB foi motivo de honra para os combatentes depois de tantas dificuldades. Os FEBs perseguiram a 148ª Divisão de Infantaria do Exército Alemão desde a batalha de Collecchio, vencida por eles dias antes. Os nazistas acabaram cercados pelos soldados brasileiros. O comandante alemão, general Otto Fretter-Pico só se entregou depois das ordens de Berlim. No dia 29 de abril, 14.779 alemães se tornaram prisioneiros dos brasileiros. A rendição da divisão inteira alemã foi o desfecho perfeito da atuação dos brasileiros no front. Após esse feito, a missão brasileira na  guerra havia chegado ao fim, mesmo que ela tenha terminado oficialmente apenas com a rendição japonesa em setembro de 1945.



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Movimentação da Força Expedicionária Brasileira na Itália (Arquivo do Exército Brasileiro)


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Tropas brasileiras em Monte Castelo


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O General Otto Freter, comandante da 148ª divisão alemã, apresentando a rendição de sua tropa ao General brasileiro Zenóbio da Costa (Arquivo do Exército Brasileiro).


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Prisioneiros da 148º Divisão de Infantaria alemã, sob controle da FEB (Gli eroi Venuti dal Brasile)


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Soldados brasileiros nos Apeninos, em pleno inverno, posicionados contra as linhas de defesa alemãs (Horácio Coelho).


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Tropas brasileiras em movimentação nos arredores de Montese (Ten. Cel. Manoel Thomaz Castello Branco).


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Ponto conquistado nos Alpeninos defendido pela Força Expedicionária Brasileira com metralhadoras.


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Um blindado M-8 do Esquadrão de Reconhecimento da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária entra em Montese.


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Evacuação de feridos após a conquista de Montese pela FEB (Marechal Floriano de Lima Brayner).


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Soldado aliado vigia com uma carabina prisioneiros alemães após o término da guerra na Itália 


E aqui chego ao final desse pequena viajem ao que o Brasil fez na Segunda Guerra Mundial. Existe muito mais pra explorar por isso indico alguns links abaixo pra que vocês também possam saber mais o que a escola não conta.

Qapla'
#alegetbrz


fontes:
http://www.historiailustrada.com.br/2014/04/fotos-raras-brasil-na-segunda-guerra.html
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/pracinhas-na-segunda-guerra/adeus-italia-adeus-pracinhas.jpp
http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/como-foi-participacao-brasil-segunda-guerra-mundial-495726.shtml
http://noticias.terra.com.br/brasil/brasil-segunda-guerra-mundial/

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