Como entusiasta desde sempre sobre a Segunda Grande Guerra, sempre achei que a participação do Brasil na WW2 nunca foi abordado com o devido respeito e profundidade nas escolas, apesar da relevância dos fatos e das centenas de curiosidades acerca. Então esse Zoeiro aqui se sente na obrigação de falar mais sobre as "Cobras Fumantes"!
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Até Walt Disney aderiu ao apelido das "Cobras Fumantes" |
Getúlio: O ditador neutro.
Na época o país era comandado por Getúlio Vargas. Apesar do regime autoritário, que conferiu o presidente com o estigma de ditador, o posicionamento condicional do país era de neutralidade. O Brasil manteve os pés fora do conflito mundial até as últimas circunstâncias. Na época, por volta de 1937, o Brasil tinha afinidade com os governos autoritários que integravam os chamados Países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
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Getúlio Vargas e Franklin Delano Roosevelt em Natal, Rio Grande do Norte, 1943. |
Foi só após uma série de bombardeios contra navios brasileiros, quando submarinos alemães atacaram embarcações no Oceano Atlântico, que uma mobilização pública pressionou o governo a entrar no conflito, cobrando severamente uma postura clara contra os Países do Eixo. Em agosto do mesmo ano o Brasil declarou guerra às potências totalitaristas.
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Desembarque dos pracinhas brasileiros na Itália. |
Segundo Ferdinando Palermo, um veterano brasileiro da 2° Guerra, muitos dos soldados convocados tinham problemas de dentição e antes de ingressarem no Exército jamais tinham calçado um sapato na vida. Ao mesmo tempo em que eram negados à eles direitos básicos como cidadãos, a Nação não hesitou em enviá-los para batalhar em seu nome. Vale ressaltar, inclusive, que a ideia inicial era enviar 100 mil militares brasileiros para a guerra, mas o contingente acabou sendo reduzido para pouco mais de 25 mil homens.
O significativo corte nos números de combatentes convocados aconteceu devido ao pente fino feito nas avaliações médicas e no sistema de apresentação voluntária. Segundo Vagner Camilo Alves, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF, esse fato retratou o grau de atraso do Brasil na época. Com 70% da população vivendo no campo, a maioria analfabeta, o país teve dificuldade de preencher propriamente uma só divisão de batalha.
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Soldados da FEB sendo saudados por moradores de Massarosa, Itália, 1944. |
"Foi à guerra dos caipiras e cablocos," disse o também veterano, ex-soldado da FEB, Victório Nalesso. "Todos corajosos. A maioria vivia nas roças, longe das cidades que não eram tão grandes como hoje. Gente de todo interior de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul."
A cobra fumou!
Os "pracinhas FEB", como eram conhecidos os soldados brasileiros, provavelmente receberam esse nome porque grande parte dos combatentes eram muito jovens. (Praça é o termo usado para denominar um militar inexperiente.)
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Soldados alpinos fascistas italianos capturados pelos brasileiros aguardam para serem interrogados em Viareggio, Itália, 1944 (Gli eroi Venuti dal Brasile). |
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Foto icônica que estampou a revista Cruzeiro do Sul |
Quando foi dada a notícia de que os combatentes brasileiros pegariam em armas para combater os alemães, muitas reações pessimistas foram proclamadas. A expressão popular "a cobra vai fumar," inclusive, surgiu após esse período da história. Na época era comum dizerem "é mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra."
Apesar de muitos desacreditarem, durante as batalhas que participaram, os militares brasileiros renderam cerca de 14 mil soldados alemães, honrando o símbolo que criaram como criativa resposta a essa desconfiança: um emblema de uma cobra fumando um cachimbo.
Gringos com brasileiros
Comandada pelo general Mark W. Clark, a FEB (Força Expedicionária Brasileira) integrou o 5° Exército Americano. Além da FEB, a FAB (Força Aérea Brasileira) também batalhou no front italiano. A missão brasileira era de auxiliar o 5° Exército Americano e o 8° Exército Britânico a ultrapassar a Linha Gótica, a última grande linha de defesa nazista na Europa, situada nos Montes Apeninos, na Itália.
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Acampamento de soldados do 2° Escalão da FEB (Arquivo Diana Oliveira Maciel). |
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O Comando das Forças Aliadas na Itália examina as operações conduzidas pela FEB (Arquivo do Exército Brasileiro). |
Se essa linha não tivesse sido pressionada com a ajuda dos brasileiros, os alemães poderiam mover suas tropas pra qualquer lugar. Era somente atravessando a Linha Gótica que os aliados teriam acesso à Bologna e ao Vale do Rio Pó. A partir daquele ponto a chegada até o centro da Europa seria facilitada. A Linha Gótica era a última grande linha de defesa nazista na Europa. Ter destruído essa linha foi um dos fatores favoráveis a invasão na França.
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Enfermeiras Brasileiras com soldados da Força Expedicionária Brasileira em uma avião da FAB. |
Último confronto: missão cumprida!
O último confronto da FEB foi motivo de honra para os combatentes depois de tantas dificuldades. Os FEBs perseguiram a 148ª Divisão de Infantaria do Exército Alemão desde a batalha de Collecchio, vencida por eles dias antes. Os nazistas acabaram cercados pelos soldados brasileiros. O comandante alemão, general Otto Fretter-Pico só se entregou depois das ordens de Berlim. No dia 29 de abril, 14.779 alemães se tornaram prisioneiros dos brasileiros. A rendição da divisão inteira alemã foi o desfecho perfeito da atuação dos brasileiros no front. Após esse feito, a missão brasileira na guerra havia chegado ao fim, mesmo que ela tenha terminado oficialmente apenas com a rendição japonesa em setembro de 1945.
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Movimentação da Força Expedicionária Brasileira na Itália (Arquivo do Exército Brasileiro) |
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Tropas brasileiras em Monte Castelo |
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O General Otto Freter, comandante da 148ª divisão alemã, apresentando a rendição de sua tropa ao General brasileiro Zenóbio da Costa (Arquivo do Exército Brasileiro). |
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Prisioneiros da 148º Divisão de Infantaria alemã, sob controle da FEB (Gli eroi Venuti dal Brasile) |
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Soldados brasileiros nos Apeninos, em pleno inverno, posicionados contra as linhas de defesa alemãs (Horácio Coelho). |
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Tropas brasileiras em movimentação nos arredores de Montese (Ten. Cel. Manoel Thomaz Castello Branco). |
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Ponto conquistado nos Alpeninos defendido pela Força Expedicionária Brasileira com metralhadoras. |
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Um blindado M-8 do Esquadrão de Reconhecimento da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária entra em Montese. |
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Evacuação de feridos após a conquista de Montese pela FEB (Marechal Floriano de Lima Brayner). |
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Soldado aliado vigia com uma carabina prisioneiros alemães após o término da guerra na Itália |
E aqui chego ao final desse pequena viajem ao que o Brasil fez na Segunda Guerra Mundial. Existe muito mais pra explorar por isso indico alguns links abaixo pra que vocês também possam saber mais o que a escola não conta.
Qapla'
#alegetbrz
fontes:
http://www.historiailustrada.com.br/2014/04/fotos-raras-brasil-na-segunda-guerra.html
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/pracinhas-na-segunda-guerra/adeus-italia-adeus-pracinhas.jpp
http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/como-foi-participacao-brasil-segunda-guerra-mundial-495726.shtml
http://noticias.terra.com.br/brasil/brasil-segunda-guerra-mundial/
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